terça-feira, 17 de maio de 2011

Ao volante - balanço de um ano e meio

Há uns anos atrás, estava completamente convencida que nunca na vida iria conduzir. Porque era preciso fazer muita coisa ao mesmo tempo, era preciso olhar para todo o lado, estar atenta a tudo e mais alguma coisa. Enfim, estava convencida que nunca conseguiria ter tamanha responsabilidade nas minhas mãos e que, se tentasse, iria certamente esbarrar-me todas as semanas.
No entanto, estes pensamentos quase suicidas nunca fizeram com que eu não quisesse tirar a carta, pelo contrário. Sempre ansiei por fazer 18 anos, não pela maior liberdade e sabe-se lá mais o que (tretas, tudo tretas, no fundo fica tudo igual), não por poder votar (sinceramente não me faz grande diferença. quem quer que ganhe vai dar tudo à mesma. quando há eleições voto, porque é o meu dever, mas isso não é coisa para despertar em mim qualquer tipo de emoção), mas sim para tirar a carta, saber qual a sensação de conduzir, expectante se iria conseguir ou não.
Safei-me bem no código, mas as aulas de condução nunca me fascinaram. Provavelmente porque o meu instrutor era um grande parvo, que na realidade não me ensinou a conduzir. Aliás, estou convencida que apenas conduzi sozinha nas última aula antes do exame, que como bom ensaio geral foi uma valente porcaria. Passei no exame, mas sinto (sei) que tive bastante sorte nesse dia, porque para além de não ter aprendido a conduzir nas aulas, estava com uma carga de nervos de todo o tamanho. Não interessa, não fiz nenhum erro dos grandes, não atropelei ninguém na passadeira, e como tal, passado uns dias tinha a carta na caixa de correio.
Pois, mas depois de ter a carta é que chegou o grande problema. Medo, muito muito medo de conduzir o carro dos pais. Medo de estragar o único carro da família, que não sendo um topo de gama é um carro um bocadinho acima daqueles clios e corsas mais comuns. Conduzi-o algumas vezes, não mais que poucas, sempre com a mãe ao lado, sempre a tremer da cabeça aos pés, sempre com medo de tudo. Acabei por desistir. Não quero, não consigo, ponto final.
Até que, há cerca de meio ano, tive o MEU carro. Relativamente baratinho, não muito novo (velho também não, senão ao fim de um mês tinha que substituir as peças todas e lá se iam as poupanças!), mas acima de tudo MEU. Se o desfizesse, era eu que ficava sem ele, e mais ninguém era prejudicado. As primeiras vezes que o conduzi tive medo, pois tive. Tremi, pois tremi. Mas tive a mãe ao meu lado para, finalmente, me ensinar a conduzir (coisa que, relembro, o meu instrutor não foi capaz). Até que um dia tinha que sair à noite e a mãezinha não podia vir atrás. E como a necessidade aguça o engenho, lá foi a Moon por essa cidade fora a conduzir o seu carro sozinha. E a partir daí muitas mais vezes se seguiram. Ao início muito a medo, devagarinho. Agora já mais à vontade, já a resmungar com os semáforos por ficarem vermelhos, já a ultrapassar limites de velocidade, mas apenas quando a situação o permite. So far, so good, já apanhei alguns sustos mas nunca tive nenhum problema.
O senão de ter o MEU carro é ter que gastar dinheirinho do meu bolso em gasolina (relembrando que eu, no meu estatuto de estudante, não tenho salário, e como tal o meu dinheiro é o que eu junto no natal, aniversário, páscoa, etc). No entanto só posso estar muito feliz por esta aquisição. Porque agora, para além de já quase não ter medo de conduzir, tenho verdadeiro prazer em fazê-lo. Gosto mesmo de conduzir. Tanto que, apesar de o fazer poucas vezes (ai a gasolina e o dinheiro e tal), sempre que entro no MEU carro faço-o com um sorriso.

(mas continuo sem conduzir o carro dos pais. desse continuo a ter muito medo...)

2 comentários:

Catarina disse...

Que engraçado!! Não sei bem porquê mas tenho os mesmos pensamentos que tu tinhas há tempos atrás.Acho que tenho um bocado de medo, mas pronto... Vai-se lá saber porquê :b

A Lisboeta disse...

Deve ser uma sensação muito boa :) e calculo que para conseguir comprar o carro não deve ter sido nada fácil, sendo nós estudantes.

Beijinhos