quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ponto de viragem

Há alturas, na vida, em que não há volta a dar. E falando na vida, falo nas relações. Alturas em que tudo muda e nada volta a ser como antes. E eu sinto que estou numa dessas alturas, em duas relações completamente distintas.

Pessoa, a tua ausência dias atrás de dias já não me afecta como dantes. Já não choro a escrever sobre ti. Mais que isso, já não choro por ti há dias, longos dias. Cada dia, uma vitória. Já não passo os dias agarrada ao telemóvel à espera de uma mensagem tua. Sinto-me mais forte, e tenho muita esperança que seja desta que te consiga deitar para trás das costas e seguir em frente, fechar o meu coração a sete chaves até chegar ao dia em que outro paspalho como tu arrombe a fechadura. Entretanto espero do fundo do meu ser que esse outro paspalho saiba colar este coração em mil pedaços que tu me deixas.

E tu, pai. Já não aguento mais ver-te todos os dias a chegar a casa assim. De mal com o mundo, com uma má disposição que não lembra nem ao diabo, a resmungar ordens por todo o lado, sem fazer rigorosamente nada em casa... Faz dias (semanas?) que mal te olho nos olhos, faz dias que praticamente não passamos do "Bom dia", "Boa noite". Já passamos por fases destas, e quando a neura te passava, eu conseguia esquecer tudo e tudo voltava ao normal. Mas desta vez, desta vez não sei se consigo. Porque já estamos a viver desta maneira há tempo demais. E principalmente por nos estares a fazer isto numa das alturas em que mais precisamos de ti. Numa altura em que sem ti, sou praticamente eu que tenho que carregar, emocionalmente falando, a família às costas. Numa altura em que, mais que nunca, as tarefas domésticas caem em cima de mim. Numa altura em que, como se já não chegassem os outros problemas para nos ocupar a cabeça, ainda tinhas que nos arranjar mais um: tu mesmo. E não sei se desta vez vou conseguir esquecer e superar. Quando te passar a parvoíce e voltares a sorrir, não sei se vou conseguir sorrir de volta, quando disseres uma piada não sei se vou conseguir rir com a vontade que ria antes. Não apenas por me estares a fazer isto a mim, mas principalmente àquela a quem um dia disseste "na saúde e na doença", e àquele que te vê como um modelo e que apesar de pequeno não é tão pequeno assim que não consiga perceber o que se passa. Pai, receio que também a nossa relação esteja num ponto de viragem. Talvez ainda vás a tempo de me recuperar, sinceramente não sei. Só sei que me sinto tão cansada de ti...!


(agora sim, estou a chorar. muito, muito. mas precisava mesmo de desabafar, de deitar isto tudo cá para fora. estava-me a sufocar.)

3 comentários:

Anónimo disse...

Força para enfrentar a vida! Não podemos desanimar... Beijinho *

Joana Cardoso disse...

muito obrigada pelo teu comentario, e gostei especialmente da analogia q fizes.te (:

em relaçao ao teu post, li.o com bastante atençao pq me prendes.te a leitura, e a conclusao a q cheguei no fim foi, NUNCA DESISTAS. parece uma frase feita, mas é importante q nao deixes q o 'exterior' te afecte mesmo q estejamos a falar do nosso proprio pai.
as coisas hao.de se resolver da melhor maneira, tens q ter fé e esperança, e sobretudo cabeça, nas decisoes q tomas.
beijinhos, e espero ter ajudado *

Anónimo disse...

Faz sempre bem desabafar.. aqui ninguém te vai criticar.