Eu tenho um trauma. Não suporto ser tocada por estranhos.
Venha a casa de banho suja até ao tecto, venha aquele corrimão nojento e suado, venha isso tudo, que eu cá me aguento! Mas estranhos, por favor não me toquem.
Pronto, não há-de se assim tão incomum, nem sou assim tão extremista. Consigo lidar perfeitamente bem com um raspar de braços na rua ou mesmo um encontrão a passar por uma porta. O que me incomoda mesmo são aqueles toques mantidos no tempo. Tudo o que seja aglomerados de gente, filas para não sei quê ou transportes públicos, fazem-me logo retorcer toda. Sinto uma necessidade incontrolável de me desencostar da mulher que está atrás de mim na fila do supermercado, a atropelar-me como se assim chegasse à caixa mais depressa, ou do homem que está sentado ao meu lado no autocarro. Velhotes então, nem sei, começo assim a hiperventilar e não raras vezes fico tão incomodada que prefiro levantar-me e ir de pé, com um espaço livre de um metro quadrado à minha volta.
Isto não seria tão preocupante caso eu não usasse o metro diariamente, a maior parte dos dias em horas de ponta. Portanto se alguém um dia tiver ao seu lado no metro com uma rapariga que parece que está a tentar trepar as paredes, sou eu. E não se incomodem, não é nada contra vocês, é contra o mundo no geral.
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